TransdisciplinarCV

Este é um local de discussão e de divulgação da Transdisciplinaridade. A ligação a Cabo Verde tem a ver com as actividades do criador do Blog e com as condições propícias de Cabo Verde para o desenvolvimento da Transdisciplinaridade. Os colaboradores deste Blog são fundadores do Núcleo TransD da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde - uma Universidade Transdisciplinar

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terça-feira, maio 30, 2006

Seminário de pós-graduação Transdisciplinaridade: Reinventos

Na sequência do comentário feito pelo jornalista Silvino Évora, (responsável pelo diário electrónico "Nós Media") inserto sob o artigo Pensamento lateral e TransD deste blog, chamamos a atenção para o seminário de entrada livre realizado a 7 de Junho 2006 pela Universidade de Coimbra e intitulado Seminário de pós-graduação Transdisciplinaridade: Reinventos.
Eis o resumo:
Ao longo das últimas décadas, no contexto das reflexões que envolvem o caráter da ciência, adquire densidade a discussão acerca das possibilidades de rearticulação dos saberes. Feita de um ansioso e tateante repensar, a ciência, nesse debate, interroga-se e desloca-se, intencionalmente, para o centro. Contudo, todos os saberes, para além da própria ciência, são focalizados à procura de fios de meada e de travessias que possam fazer frente aos limites e aos espaços nodais tecidos pelo conhecimento. Do limite à fronteira: da questionada condição compartimentada da ciência à compreensão dos espaços de atravessamento dos saberes, espraia-se, difusa e incerta, a trajetória desse repensar a razão. A ciência é transdisciplinar, por natureza, estando, sempre, para além de si mesma e dos limites disciplinares que a representa. A ciência é, por isso, também, a negação da própria condição que ela adquire ao longo do processo de especialização disciplinar. Contraditória é a razão. Arrazoada, caprichosamente, projeta e borda limites, crise aprisionada em si mesma. A razão é crise de razão que se exterioriza, na ciência que se redesenha, através do desejo de encontros, de esquinas. Feita de uma ética recuperada, a transdisciplinaridade, ecologia de saberes, é a manifestação da sensação de perda e falta, a imagem da busca do encontro do outro — porque nele se existe. A transdisciplinaridade, ecologia de saberes, é a ciência que, ao se repensar, permite ao homem interrogar a sua condição e existência. Esvaziado de humanidade é o homem, coberto de razão excludente, pleno de limites e prisões. A ciência da ciência é o saber, falível, frágil, desassossegado, que o homem procura e nele se interroga para se descobrir no outro.
Cássio Eduardo Viana Hissa
Universidade Federal de Minas Gerais

quarta-feira, maio 10, 2006

Tempo e espaço nas metáforas dos Hopi (2ª parte)

Hug! diria o chefe índio Hopi
O passado está em frente de mim e o futuro está atrás de mim!
O elemento de comparação desta metáfora não é a linha do tempo (cronológica) mas a linha do espaço (topográfica). Um Hopi diz que o passado está à frente porque ele consegue ver e olhar para ele, como quem disfruta de uma paisagem. O futuro está atrás, porque lhe pode apanhar de surpresa sem que ele o vislumbre ou sinta; trata-se de algo que desconhece e do domínio do intangível.
O modo de pensar e agir dos Hopi foi objecto de estudos antropológicos e linguísticos. Neste particular, serviu de sustentáculo à teoria de que o pensamento seria dependente da linguagem, formulada no início do século XX, por dois lingüistas e antropólogos norte-americanos, Edward Sapir (1884-1939) e Benjamin Lee Whorf (1897-1941). Esta teoria ficou conhecida pelo nome de Hipótese de Sapir-Whorf e repousava sobre dois princípios: o do Determinismo Linguístico e o da Relatividade Linguística. Estes princípios estão bastante evidenciados nos estudos de Whorf sobre a linguagem dos Hopi; vejam estes dois elucidativos artigos: "O Mundo criado pelas palavras" e "p-prime e produção lingüística: percepção e preconceito"
A hipótese de Sapir-Whorf opunha-se nesse tempo à teoria do Estruturalismo de Ferdinand de Saussure. Esta teoria está hoje completamente ultrapassada, mas isto não significa que a hipótese de Sapir-Whorf tivesse sido indubitávelmente comprovada. Antes pelo contrário, muitos dos argumentos apresentados foram prontamente desmantelados. Porém ainda subsiste "um quê" de razoabilidade e até hoje essa hipótese é sustentada e constantemente evocada em cursos de linguística e em teoria da comunicação. Termino remetendo-vos para um interessante artigo de Konrad Szczesniak, denominado "O retorno da hipótese de Sapir-Whorf".

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