TransdisciplinarCV

Este é um local de discussão e de divulgação da Transdisciplinaridade. A ligação a Cabo Verde tem a ver com as actividades do criador do Blog e com as condições propícias de Cabo Verde para o desenvolvimento da Transdisciplinaridade. Os colaboradores deste Blog são fundadores do Núcleo TransD da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde - uma Universidade Transdisciplinar

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sexta-feira, outubro 28, 2005

Versão final da Mensagem de Vila Velha/Vitória e LISTA DOS SIGNATÁRIOS

Acaba-se de receber a versão final da Mensagem de Vila Velha / Vitória
Assim, já editei a minha mensagem de 5/10/2005 que agora reflecte a versão definitiva.
Aproveito para publicar a lista dos signatários desse importante documento:

Signatários participantes do Congresso
Nome - Instituição onde atua
Adriana Caccuri - Studium Assessoria Empresarial, São Paulo
Alacir de Araújo Silva - Faculdade Saberes, Vitória
Alberto Noronha Ramos - Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Manaus
Alexandre Mendes Padula
Alicia Bahia de Andrade - Marista, Colatina, Espírito Santo
Aline Amorim de Almeida - Núcleo de Estudos superiores Transdisciplinares - NEST, São Paulo
Aline Manuela Veloso dos Santos - Faculdade de Ciências e Cultura de Cajazeiras, Salvador
Américo Sommerman - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Ana Beatriz Passos - Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo
Ana Braga de Lacerda - Universidade Federal do Espírito santo
Ana Carolina Beer Figueira Simas - Universidade Federal de Vicosa
Ana Kerina Franca Carvalho Pinto - Tic Tic Tac Educação Infantil, Rio de Janeiro
Ana Lina Cherobini - Universidade Regional do Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul
Ana Maria da Silva - Governo do Estado de São Paulo
Ana Maria Di Grado Hessel - Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade - GEPI, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Ana Maria dos Santos Silva - Faculdade de Ciências e Cultura de Cajazeiras, Salvador
Ana Paula Almeida de Melo
Anésia Maria Martins Furtado - Colégio Alternativo Talismã, São José, Santa Catarina
Angelina Batista - Universidade Estadual Paulista - UNESP
Anja Pratschke - Universidade de São Paulo - USP
Anne Changeux - Hospital Barthelemy Durand - France
Anthony Cole - Landcare Research - New Zeland
Aparecida Magali de Souza Alvarez - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Augusta Thereza de Alvarenga - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Basarab Nicolescu - Université Paris 6 e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Bronwyn Maxwell - Vancuver, Canadá
Carlos Alberto Felippe
Carlos Eduardo Coelho da Costa - Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ e Iff/Fiocruz
Carlos Frederico Bustamante Pontes
Carmem Teresa Costa - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Célia Maria Ferreira da Silva Teixeira - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Célia Regina Barollo - Núcleo de Estudos superiores Transdisciplinares - NEST
Chantal Bouffard - Faculté de Médecine de l’Université de Sherbrooke - Canadá
Cirlena Procópio
Clara Márcia Piazzetta - Universidade Federal de Goiás - UFG
Claudia Cristina Pulchinelli - Prefeitura Municipal de São Paulo
Cleide Vanusia Vilela Araújo - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Cleomar Busato - Universidade Federal de Santa Catarina
Clisolda Vailda Araújo - Cp-Colégio Piaget, São Paulo
Cristina Bardelli Cordeiro - Universidade de São Paulo - USP
Dalila Lubiana - Unipaz-ES
Dalva Alves - Núcleo de Estudos superiores Transdisciplinares - NEST
Daniel José da Silva - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Daniela Vasconcelos Gomes - Instituto Roerich e Faculdade de Ciências e Cultura de Cajazeiras, Bahia
Dante Augusto Galeffi - Universidade Federal da Bahia
Denise Mara Silva Robson
Denise Noronha de Oliveira - Faculdade de Ciências e Cultura de Cajazeiras, Bahia
Dione Maria Diniz Dutra - Universidade Estácio de Sá, Belo Horizonte
Doriana Chagas Luz de Moura Campos
Edgard de Assis Carvalho - Núcleo de Estudos da Complexidade - Complexus, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Eduardo Garcia Rossi Neto
Eli Terezinha Henn Fabris - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo, RS
Elisabete Cipolla Petri - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Elisabete Matallo Marchesini de Pádua - Pontifícia Universidade Católica - PUC, Campinas
Elizabeth Maria Fleury Teixeira
Elizabeth Siebovitz Tanaka - Reserva Canto Zen, Domingos Martins, ES
Elida Y. A. Barrague - Associação Brasileira de Rolfing - ABRH, São Paulo
Elma dos Anjos - Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo
Fabio Vieira Pereira
Fernando Antonio Cardoso Bignardi - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Fernando da Nóbrega Junior - Fundação Banco do Brasil, Brasília
Gaston Pineau - Université François Rabelais de Tours, France e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Geralda Natalina de Oliveira Melo - Colégio Pedro II, Rio de Janeiro
Guilherme Frederico Knopak Silva
Helene Trocme-Fabre - Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Heloisa Helena Steffen - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Hermes de Andrade Junior - Faculdade Serrana, Brasília
Ilvis Ponciano Araújo Lima - Universidade Holística Internacional - UNIPAZ, Fortaleza
Indiomara Machado Sant’Anna - Secretaria Municipal de Educação de Cariacica
Ineida Aliatti - Hospital Psiquiátrico de São Pedro, Porto Alegre
Ivan Pereira Leitão - Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP
Ivan A. Guerrini - Universidade Estadual Paulista - UNESP, Batucatu
Isabel Cristina Feijó de Andrade - Colégio Alternativo Talismã, São José, Santa Catarina
Jacira Aparecida da Anunciação - Escola de Governo de Mato Grosso
João Batista da Silva Filho - Escola Municipal Presidente Castelo Branco, Salvador
John Van Breda - Stellenbosch University, South Africa
Jorge Rivera - Universidade de Évora, Portugal
Jorge Sousa Brito - Universidade Jean Piaget, Cabo Verde e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Jose Ivo Follmann - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo, RS
Josenilda Noronha de Oliveira - Fundação Luis Eduardo Magalhães, Lauro de Freitas, BA
Joseph Brenner - Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Josephine Papst - Indexicals - Centre of transdisciplinary cognitive and state-system sciences, Graz, Austria e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Josinete Aparecida da Silva Bastos - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Juliana Gianoni Lopes - BNP Paribas, São Paulo
Julieta Beatriz Ramos Desaulniers - Pontifícia Universidade Católica - PUC/RS, Porto Alegre
Leomara Craveiro de Sá - Universidade Federal de Goias - UFG
Luciana Dantas Theodoro de Freitas - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Luiz Felipe Muniz de Souza - Centro Norte Fluminense de Conservação da Natureza
Luiz Henrique de Sá - Prefeitura Municipal de Petrópolis
Luiza B. Nunes Alonso - Universidade Católica de Brasília
Luiza Percevallis Pereira - Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade - GEPI/PUC-SP
Makeliny Oliveira Gomes Nogueira - Faculdade de Ciências da Bahia - FACIBA, Lauro de Freitas, BA
Maria Christina Ribeiro Co
Maria Claudia Alves de Santana Regis - Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - USP
Maria da Conceição Xavier de Almeida - Grupo de Estudos da Complexidade - GRECOM, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal
Maria da Penha Caus Simões
Maria das Graças Ferreira Lobino - Faculdade de Educação da Serra, Vitória
Maria de Jesus Campos de Souza Belém - Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Manaus
Maria de Lourdes Feriotti - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Maria de Lurdes Ventura Fernandes - Núcleo de Estudos superiores Transdisciplinares - NEST
Maria F. de Mello - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Maria Lucia Rodrigues - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Ensino e Questões Metodológicas em Serviço Social - NEMESS, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Maria Luiza Ramos - Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) da Universidade Federal de Minas Gerais
Maria Margarida Cavalcanti Limena - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Ensino e Questões Metodológicas em Serviço Social - NEMESS, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Maria Thereza Cera Galvão do Amaral - Anima Homeopatia, São Paulo
Mariana Guimarães Masset Lacombe - Faculdade de Filosofia do Mosteiro de São Bento, São Paulo
Mariza Real Prado - Faculdade Dr. Leocadio Jose Correia, Curitiba
Marly Segreto - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Martha Izaura do Nascimento Taboada
Martha Tristão - Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Mircea Bertea - Faculty of Psychology and Sciences of Education, “Babeş-Bolyai” University of Cluj,
Romania e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Mônica Osório Simons - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, São Paulo e Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Nadja Maria Coda dos Santos - Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo
Neusa Ivanilde Coelho Guimarães - Faculdade Dr. Leocadio José Correia, Curitiba
Nilce da Silva - Universidade de São Paulo - USP
Oldair Carlos de Jesus Soares
Oldair Soares Ammom - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Pascal Galvani - Université du Québec à Rimouski, Canadá
Patrick Paul - Université François Rabelais de Tours, France, e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET
Paulius Kulikaukas - Consultant, International Networking (fmr. Head of International Networking), Byfornyelse, Danmark
Regina Coeli Moraes Kopke - Universidade Federal de Juiz de Fora
Regina Stella Spagnuolo - Universidade Estadual Paulista - UNESP, Botucatu
Renata Carvalho Lima Ramos - Triom Centro de Estudos M.M. Harvey Edit. Com. Ltda, São Paulo
Rosa Maria Viana - Universidade Salgado Oliveira, Goiania
Rosamaria de Medeiros Arnt
Rosana Gonçalves da Silva - Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal
Rosana Paste - Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Rubens Caldeira Monteiro - Escola Superior de Agricultura (ESALQ) da Universidade de São Paulo - USP, Piracicaba
Ruth C. L. da Cunha Cintra - Triom Centro de Estudos M. M. Harvey Edit. Com. Ltda, São Paulo
Samira Younes Ibrahim - RENALLE - Consultoria e Serviços Médicos, Rio de Janeiro
Sandra de Fátima Oliveira - Universidade Federal de Goiás
Silvani Botlender Severo - Secretaria Municipal de Saúde, Cid. e Ass. Social de Viamão, Rio Grande do Sul
Silvia Cristiane de Souza Alvarez Della Rina - Faculdade de Saúde Publica da Universidade de São Paulo
Silvia Fichmann - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans e Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - USP
Simone da Cunha Diaz - Tic Tic Tac Educação Infantil, Rio de Janeiro
Sonia Cristina Louredo - Tic Tic Tac Educação Infantil, Rio de Janeiro
Sonia Maria da Rosa Beltrão - Clinica de Psiquiatria Sonia Beltrão, Porto Alegre
Tamar Batista Costa - Prefeitura Municipal de Salvador
Tânia Cristina Salobrenha Garcia - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Telmar Gobbi
Teresa Cristina F. Bongiovanni - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Teresinha Maria Gonçalves - Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, Criciuma
Teresinha Maria Mansur - Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Terezinha Baldassini Cravo - Secretaria de Educação de Vitória
Terezinha Mendonça - Instituto de Estudos da Complexidade - IEC, Rio de Janeiro
Valeria de Lima Menezes - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans
Vera Lucia Rocha Laporta - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans e Escola do Futuro da Universidade de São Paulo - USP
Vitória M. de Barros - Centro de Educação Transdisciplinar - Cetrans e Centre de Recherches et Études Transdisciplinaires - CIRET

sexta-feira, outubro 07, 2005

Cultivar a atitude transdisciplinar e saber pensar desta forma

Aproveito para partilhar convosco a comunicação que apresentei no II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade
pode fazer aqui o Download

1. O conceito Transdisciplinaridade e as dificuldades de sua apreensão
Uma das recomendações presentes na Déclaration Mondiale e no Cadre d’Action Prioritaire saídas em 1998 da Conferência Mundial sobre o Ensino Superior (UNESCO, 1999), igualmente constantes no projecto “A evolução transdisciplinar na Educação” do CETRANS, é o da inserção da metodologia transdisciplinar no ensino e nos programas educativos.
Igualmente, a nível do ensino superior, há que se fazer pesquisa transdisciplinar e agregar a essa pesquisa, os estudantes que se mostrarem interessados. Será então necessário falar-lhes da Transdisciplinaridade. É aqui que reside a complexidade da metodologia a seguir para que se desfaça a dificuldade de sua apreensão e possa haver a emergência de um novo nível de lucidez.
Por outro lado, assiste-se a um lento evoluir da adopção das recomendações da UNESCO a este respeito e a vulgarização da questão é praticamente inexistente. A Transdisciplinaridade continua a ser pouco conhecida.
Há estudiosos que atribuem mais importância à Interdisciplinaridade como motor do conhecimento, relegando a Transdisciplinaridade para situações mais restritas no domínio da ecologia onde ela “é sustentada por evidentes fundamentos ético-políticos” (PAVIANI, 2004).
A palavra Transdisciplinaridade foi introduzida em 1970 por Jean Piaget num colóquio em Nice (PIAGET, 1970). Ali foi aceite a adição do “para além das disciplinas” à definição do conceito. Aliás cabe então enunciar o conceito segundo a formulação seguinte: “A transdisciplinaridade diz respeito ao que se encontra entre as disciplinas, através das disciplinas e para além de toda a disciplina” (NICOLESCU, 1996).
Este “para além de toda a disciplina” aliado ao que se chama a “zona de não resistência correspondente ao sagrado” (NICOLESCU, 2000), levando à ideia de transcendência, traz a certas mentes resistentes o “pé atrás” de que a transdisciplinaridade é coisa de esotéricos, de pessoas sem rigor e até mesmo a acusações de impostura científica.
O facto de em geral, à semelhança do que consta do preâmbulo da Carta da Transdisciplinaridade, se fazer a introdução do tema pela demonstração do absurdo da multiplicidade de disciplinas e da crescente complexidade do mundo actual, faz criar inconscientemente uma sensação de que a Transdisciplinaridade é contra a existência das disciplinas e que ela tem um poder simplificador. Isto pode alimentar a ideia de imprecisão e do “tudo vale” em matéria de pensamento transdisciplinar.
Para evitar o nascimento deste tipo de predisposição, adoptámos nos seminários sobre Transdisciplinaridade que conduzimos , uma abordagem introdutória onde a ênfase é posta na necessidade de um novo paradigma da produção de conhecimento.
É aqui que entramos em simultâneo com a noção de complexidade e com a questão da insatisfação que o sistema clássico de produção de conhecimento nos traz hoje em dia. Começa assim a consciencialização dos participantes nesses seminários de que algo vai mal no processo da compreensão do mundo que nos rodeia e do nosso mundo interior. Levanta-se então paulatinamente o véu do onde se quer chegar, sem introduzir de maneira contundente, considerações de ordem ético-política e deixando sempre patente a necessidade de rigor e da manutenção da qualidade. Isto coaduna-se com o chamado “modo 2” de produção de conhecimento (NOWOTNY, 2003).
Como a Transdisciplinaridade é uma das três características desse “modo 2”, é neste momento que ela é apresentada e desenvolvida nas suas premissas. Começa então a tomar forma o que se entende por pensamento transdisciplinar. Só depois deste entendimento, que a Carta da Transdisciplinaridade é distribuída e as considerações ético-políticas poderão direccionar a construção de uma atitude transdisciplinar.

2. Obstáculos ao desenvolvimento de uma atitude transdisciplinar
Sendo então o pensamento transdisciplinar condição necessária para uma atitude transdisciplinar, devemos pois nos debruçar sobre algumas questões que perturbam o desenvolvimento deste pensamento e a adopção dessa atitude.
O pensamento disciplinar é “disciplinado”. Isto significa que os graus de liberdade são restringidos ao ponto de se pensar no interior de balizas, geralmente rígidas. Uma dessas balizas é o que geralmente chamamos de convenções.
Estamos rodeados de convenções, desde a língua e suas regras gramaticais, até às questões geográficas e respectivas representações. Naturalmente não devemos rejeitar as convenções, mas devemos estar conscientes de que elas são imposições e que podemos transgredi-las, nem que seja para que possamos ter outra visão da realidade (novo nível de percepção). Para ilustrar esta questão podemos apresentar um planisfério invertido (em relação ao convencional) e acompanhar o choque visual por alguns sentidos, com uma frase do tipo: “Vamos até lá em baixo a Portugal, passar umas férias!”
As ideias pré-concebidas e os preconceitos são igualmente uma ameaça ao pensamento transdisciplinar e um sério obstáculo à atitude transdisciplinar. Impedem a visão das coisas por um outro ângulo e oferecem considerável resistência ao incremento dos graus de lucidez. Para sacudir as mentes dos frequentadores desses seminários, fazemos inserir momentos e situações de choque. Por exemplo, convidámos uma vez uma especialista em medicina Ayurveda e era interessante observar as expressões dos presentes ao ver produtos de higiene feitos com bosta de vaca e ao ouvir os benefícios e usos de tal ingrediente. Um outro exemplo é o da história de um maliano que em França defendeu a sua tese de doutoramento em antropologia, fazendo a clássica e metódica descrição de uma etnia, desde as medidas antropométricas até à maneira como têm relações sexuais e praticam actos religiosos, ou mesmo as particularidades culturais mais curiosas; a etnia em causa: “os Franceses” ….
Variantes das ideias pré-concebidas são as superstições, crenças e lendas. Aqui convém não bater de frente, dado o delicado da questão. Entretanto, deve-se alertar que o que muitas vezes nos parecem certezas podem não sê-lo. Assim a abordagem de algumas “verdades” do senso comum e sua desmontagem, torna-se num excelente exercício para fustigar o sentido crítico latente em cada um de nós. É já uma velha discussão o tema “senso comum vs ciência”, mas convém trazê-la à ribalta, pois se por um lado devemos estar atentos às tais inverdades, por outro lado não podemos descartar o senso comum e valorizar apenas o que achamos ser “científico”. O diálogo entre a experiência vivida (onde se inclui o senso comum) e a abstracção formal (onde se inclui a ciência) é o garante da construção da sabedoria, é um exercício transdisciplinar.

3. Os graus de Transdisciplinaridade e os graus de lucidez
A prática da atitude e do pensamento transdisciplinar conduzem a uma gradual ascensão da nossa capacidade de discernimento. Isto se processa pelo diálogo entre o objecto transdisciplinar e o sujeito transdisciplinar (NICOLESCU, 2000). A facilidade de comunicação entre diferentes níveis de realidade por um lado e entre diferentes níveis de percepção por outro, leva certamente a uma passagem por diferentes níveis de lucidez. Neste processo complexo, podem ser então caracterizadas diferentes situações do exercício da transdisciplinaridade, chamados de graus de Transdisciplinaridade (JUDGE, 1994).
Os cinco graus de Transdisciplinaridade preconizados por Judge são explicitados e explicados aos participantes dos citados seminários, construindo-se um diagrama onde o lado esquerdo ilustra uma ascensão rumo à “teoria do todo” (Transdisciplinaridade 1) e o lado direito a ascensão rumo à transcendência (Transdisciplinaridade 2). No eixo central do diagrama (onde reside a zona de influência das alas) encontram-se os restantes graus de Transdisciplinaridade, sendo o mais elevado, aquele que é o culminar entrosado de altos graus de abstracção formal e de experiência vivida. Enfim, um alto grau de sabedoria.

4. Compreender os níveis de realidade e “aceitar” o terceiro incluído
Chegados a este estado do desenvolvimento do seminário, os participantes têm demonstrado um desejo de progredir em ambas as alas patenteadas no diagrama de Judge e em poder integrar estas competências rumo ao ascender da lucidez e ao alcançar do último grau de Transdisciplinaridade.
Na explicitação do diagrama, fez-se ver que o simples aumento do nº de conhecimentos científicos só faz a progressão na horizontal, ou seja do centro para a esquerda no eixo da abstracção formal. Idem em sentido oposto para o eixo da experiência vivida. Então, como ascender em lucidez? Sabendo passar de nível de realidade (e de nível de percepção).
A apresentação da teoria do terceiro incluído é … “intragável” pois choca com a nossa mente cartesiana. A questão de outros níveis de realidade também nos parece estranha. Certamente que uma melhor compreensão dos níveis de realidade iria facilitar a aceitação do terceiro incluído.
É sabido que nós aceitamos aquilo que se “encaixa” nas nossas referências prévias e nas nossas convicções. Se os nossos sentidos “confirmarem” as novas informações, carimbámo-las como aceites com mais facilidade. Em suma, o que captamos pelos sentidos e as sensações e emoções que vivemos, tem um poder enorme no forjar das nossas convicções. A técnica a seguir é a de provocar a consciencialização de uma mudança de nível de percepção e acompanhar isso de raciocínios que levam, por analogia, a entender fenómeno semelhante nos casos de mudança de nível de realidade.
Após evocar a agastada frase da “realidade virtual”, que em última análise é uma espécie de truque de ilusionismo (fica-se na mente que há ou deve haver pelo menos duas realidades), apresentamos diversos exemplos de ilusões de óptica. Primeiro as de dupla interpretação (podemos controlar as regras no nosso consciente que permitem a mudança de percepção); depois as que nos enganam, as que deformam a nossa percepção. Começamos a perceber que há possibilidades de mudança de percepção (com o sem controlo consciente). Ora isto ainda não é mudança de nível de percepção, pois não há a emergência de novas regras; não “vemos” surgir uma mudança, como se tivéssemos saltado para outra dimensão. Isto, porém, é conseguido com a apresentação de estereogramas.
Os estereogramas levam-nos a que de repente haja um “clique” e passamos de um mundo de duas dimensões para um de três. Trata-se de uma mudança de nível de percepção, pois não se trata de passar do “A” ao “não A” perceptivo, como nos exemplos das ilusões de óptica, mas da passagem ao T, o terceiro incluído.
Esta consciencialização da existência de um outro nível (neste caso de percepção) leva à admissão com mais facilidade da existência de outros níveis de realidade. Por outro lado, como nem todos conseguem “ver” os objectos tridimensionais surgirem de repente dos estereogramas, e como isto se passa a momentos diferentes para cada um dos presentes, cria-se uma diferenciação na audiência em uns atingiram um outro mundo (pelas exclamações proferidas e pelas expressões havidas) e outros permanecem na mesma. Esta dicotomia cria a sensação de níveis de lucidez diferenciados, e dá confiança à possibilidade de ascensão, protagonizada pelo referido diagrama de Judge.
A noção dos níveis de realidade será então reforçada com considerações baseadas na coexistência de características que se evidenciam de maneira diferenciada. A evocação de certos casos (da física e da matemática) considerados paradoxos é feita em seguida. O fenómeno da Emergência é apresentado e correlacionado com a Complexidade (ZWIRN, 2005). O teorema de Goedel é mencionado.
Resta ainda o entrosamento das duas alas, o encontro do sujeito com o objecto transdisciplinar. É então reforçada a questão das metáforas e o da necessidade de uma prática de contextualização.
Assiste-se então a angústia de não se saber como optimizar e rentabilizar estas novas luzes. A situação complexa parece complicada. Uns têm a propensão para o lado transcendental e outros para a lógica formal. Após estas sessões, todos sentem a necessidade de dar mais atenção à outra parte. Porque nos parece haver pouco equilíbrio? Como fazer na prática para que haja ascensão? Todas estas questões carecem de uma incursão no mundo dos hemisférios cerebrais e de suas funções diferenciadas.
5. Pensamento lateral e mind-mapping, auxiliares do pensamento transdisciplinar
“Cada hemisfério do cérebro humano tem as suas próprias sensações, percepções, pensamentos e ideias, a totalidade dos quais se encontra desligada das experiências correspondentes do hemisfério oposto…Em muitos aspectos, cada hemisfério desconectado parece uma mente própria” Roger Sperry, Prémio Nobel da Medicina em 1981
Apresenta-se então a teoria desenvolvida por Roger Sperry e por outros, sobre a propensão de cada um dos nossos hemisférios cerebrais a lidar com certos aspectos da nossa actividade mental e cerebral. (CARTER e RUSSEL, 2002). Do sequencial ao holístico, da análise lógica à sensualidade, da inteligência verbal à inteligência prática, do cálculo matemático à apreensão de padrões, enfim, a especialização de cada um dos hemisférios vai se conjugando com os lados esquerdo e direito do diagrama de Judge, com a masculinidade e a feminilidade do nosso mundo (NICOLESCU, 2000) e com o “Yin e o Yang” do Confucionismo.A demonstração dessa diferenciação é feita através de um exercício onde se pede para proferir em voz alta e rapidamente, os nomes das cores das palavras inscritas num quadro. Só que as palavras são nomes de cores mas estão em cores diferentes das que o nome indica.
Em seguida, potenciando estas capacidades cerebrais, introduz-se o chamado “pensamento radial” (BUZAN e BUZAN, 1994) consubstanciado pelo Mind Map™ dos mesmos autores. Este método, reúne, à volta de uma ideia central e a diferentes níveis, as palavras-chaves (com seus aspectos gráficos - cores, formas e tamanhos) designando ideias, sentimentos, acções, objectos, etc. A utilização de técnicas gráficas, desenhos e figuras, cores vivas e tamanhos, associadas a ideias e a factos apresentados de forma resumida (palavras-chave) é um exercício fértil de ambos os hemisférios. A disposição radial permite a colocação imediata e harmoniosa de uma nova ideia emergente no seu lugar certo e no nível adequado. Há visualização global do mapa (permitindo a contextualização), exercício do poder de síntese, associação a aspectos emotivos das ideias, preenchimento de vazios (ramos propositadamente deixados vazios para incitar o nosso cérebro a preenchê-los – o nosso cérebro tem horror ao vazio). Este exercício faz desenvolver não só as capacidades dos dois hemisférios, mas a conjugação dessas capacidades. Isto cria automatismos que facilitam o fluxo de informação entre as esferas do sujeito e do objecto, potenciando paulatinamente a ascensão dos graus de Transdisciplinaridade, o desenvolvimento do pensamento transdisciplinar e a consolidação da atitude transdisciplinar.
Recomenda-se também para além da adopção dos mapas mentais, fazer exercícios para conseguir um melhor equilíbrio cerebral dos dois hemisférios (livros e testes psicométricos sobre estas questões são indicados)
6. Considerações finais
Acabamos de apresentar a filosofia que sustenta a metodologia utilizada em seminários conduzidos e coordenados pelo autor, destinados a despertar em potenciais pesquisadores e investigadores, o gosto e o interesse pela Transdisciplinaridade. Pensamos que uma próxima etapa seria a de aperfeiçoar o processo e adaptá-lo a um público mais vasto e menos instruído (1º ano do ensino superior).

Referências bibliográficas

BUZAN, Tony e BUZAN, Barry. The Mind Map Book – How to use radiant thinking to maximize your brain’s untapped potential. New York - USA: Dutton, Penguin books Inc.,1994.
CARTER, Philip e RUSSEL, Ken. Como aperfeiçoar o equilíbrio cerebral. Lisboa: Editorial Estampa, Lda. 2002.
JUDGE, Antony J. N. “Transdisciplinarity-3 as the mergence of patterned experience”. In: –1º Colóquio Mundial sobre a Transdisciplinaridade, 1994, Arrábida, Portugal. - Transdisciplinarity / Transdisciplinarité. Lisboa: Hugin Editores, Lda, 1999, pp. 117-14.
NICOLESCU, Basarab. Educação e Transdisciplinaridade / NICOLESCU Basarab et al, Brasília: UNESCO, 2000.
NICOLESCU, Basarab. La transdisciplinarité, manifeste, Paris: Éditions du Rocher, Collection “Transdisciplinarité”, 1996.
NOWOTNY, Helga. The Potential of Transdisciplinarity, 2003. Disponível em: . Acesso em 20 de Julho 2005.
PAVIANI, Jayme. “Disciplinaridade e Interdisciplinaridade”. Interdisciplinaridade, Humanismo, Universidade / PIMENTA Carlos et al. Porto: Campo de Letras – Editores, S.A., 2004, pp. 15 a 57.
PIAGET, Jean. “L’épistémologie des relations interdisciplinaires”. In: L’interdisciplinarité – Problèmes d’enseignement et de recherche dans les universités, Nice, 1970. Actas do colóquio, OCDE, Paris, 1972.
UNESCO. Déclaration mondiale sur l’enseignement supérieur pour le XXIe siècle et Cadre d’action prioritaire pour le changement et le développement de l’enseignement supérieur. In : Conferência Mundial sobre o Ensino Superior, 1998, Paris.
ZWIRN, Hervé. “Qu’est-ce que l’émergence?”. Sciences et Avenir/L’énigme de l’émergence, Paris, hors-série, nº 143, pp. 16-20, Julho/Agosto 2005

quarta-feira, outubro 05, 2005

A MENSAGEM DE VITÓRIA/VILA VELHA

Caríssimos

Cá estou eu de volta do Brasil !

A primeira coisa que gostaria de partilhar e divulgar é a Mensagem de Vitória/Vila Velha

















Ei-la:

MENSAGEM DE VITÓRIA/VILA VELHA

II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade
06 a 12 de setembro de 2005 - Brasil

Preâmbulo

Considerando:
  • que é necessário recordar, valorizar, ampliar e contextualizar a Carta da Transdisciplinaridade, documento adotado no I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, realizado em Arrábida, Portugal, em 1994;
  • que as difíceis situações de sustentabilidade do planeta Terra e sua biosfera estão arremessando a humanidade para uma perspectiva de alto risco, comprometendo sua sobrevivência;
  • que a crescente incompreensão entre os indivíduos e os conflitos de todas as ordens, causados principalmente pelas disputas de poder, são alguns dos maiores responsáveis pela explosão de antigas e novas barbáries no mundo atual;
  • que somente protegendo o que temos em comum - tudo o que diz respeito ao ser vivo - é que poderemos falar de nossas diferenças, porque elas são as conseqüências de nossa semelhança, qualquer que seja nossa cultura;
  • que as questões sociais, éticas, psicológicas, espirituais, políticas, econômicas e ambientais apresentam, na época contemporânea, uma complexidade e seriedade sem precedentes;
os participantes do II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Vila Velha/Vitória, Espirito Santo, Brasil - 11 setembro de 2005) adotaram a presente Mensagem, estruturada em torno de três eixos:
  • a Atitude Transdisciplinar busca a compreensão da complexidade do nosso universo, da complexidade das relações entre sujeitos, dos sujeitos consigo mesmos e com os objetos que os circundam, a fim de recuperar os sentidos da relação enigmática do ser humano com a Realidade - aquilo que pode ser concebido pela consciência humana - e o Real - como referência absoluta e sempre velada. Para isso, propõe a articulação dos saberes das ciências, das artes, da filosofia, das tradições sapienciais e da experiência, que são diferentes modos de percepção e descrição da Realidade e da relação entre a Realidade e o Real.
  • a Pesquisa Transdisciplinar pressupõe uma pluralidade epistemológica. Requer a integração de processos dialéticos e dialógicos que emergem da pesquisa e mantém o conhecimento como sistema aberto;
  • a Ação Transdisciplinar propõe a articulação da formação do ser humano na sua relação com o mundo (ecoformação), com os outros (hetero e co-formação), consigo mesmo (autoformação), com o ser (ontoformação), e, também, com o conhecimento formal e o não formal. Procura uma mediação dos conflitos que emergem no contexto local e global, visando a paz e a colaboração entre as pessoas e entre as culturas, mas sem desconsiderar os contraditórios e a valorização de sua expressão.
Declaração de intenções
Além de criar condições para o aprofundamento teórico e prático dos três eixos já citados, este Congresso teve o objetivo de analisar criticamente os documentos e experiências transdisciplinares anteriores, afirmando a necessidade de articular a atitude, a pesquisa e a ação transdisciplinares como base para a projeção de ações presentes e futuras.

Conclusões dos trabalhos
Em suas dimensões de atitude, pesquisa e ação a transdisciplinaridade:
  • busca responder às necessidades provenientes da complexa interação dos múltiplos saberes, concepções, valores, experiências e práticas que caracterizam o mundo de hoje;
  • visa permear todos os níveis da educação formal e não formal, articulando os diferentes saberes e os diferentes níveis do ser humano;
  • incentiva o aprofundamento dos aspectos formais da transdisciplinaridade nas áreas da Ciência, da Filosofia e das Humanidades;
  • abre a discussão sobre o aspecto transreligioso do sagrado e sobre sua integração e articulação com outros aspectos da transdisciplinaridade;
  • procura evitar o risco de institucionalizar-se como um campo epistemológico rígido, a fim de preservar sua capacidade de investigação aberta, autocrítica e crítica;
  • pretende permear as instituições, criar espaços e ações no interior delas, mas sem se institucionalizar de maneira rígida e sem se limitar aos espaços institucionais e formais;
  • propõe promover a saúde individual e coletiva e o bem-estar do ser humano na sua multidimensionalidade, articulando seus níveis físico, emocional, mental e espiritual;
  • reconhece diferentes modos e níveis de expressão que associam a Arte a valores estéticos e simbólicos, que promovem a conexão entre o sentir e a imaginação, permitindo que os seres humanos se elevem a horizontes novos e mais ricos de sentidos.
Recomendações
Criar
  • cátedras transdisciplinares internacionais itinerantes;
  • universidades transdisciplinares virtuais;
  • programas universitários de graduação, especialização, mestrado e doutoramento para o estudo da transdisciplinaridade;
  • redes virtuais e núcleos de estudo, pesquisa e ação transdisciplinares;
Propor
  • novos modelos e ações de desenvolvimento, sustentáveis, capazes de avaliar criticamente as contradições subjacentes ao modelo de desenvolvimento baseado na tecnociência.
Estabelecer
  • critérios de avaliação transdisciplinar das ações, levando em consideração parâmetros não apenas quantitativos, mas também qualitativos.
Realizar
  • encontros interculturais que possibilitem uma tomada de consciência dos indivíduos para os valores universais e que estimulem a atitude, pesquisa e ação transdisciplinares.
Esta Mensagem está aberta para ser subscrita pelas pessoas interessadas em apoiar e exercitar a atitude, a pesquisa e a ação transdisciplinares em suas vidas.


Vila Velha/Vitória, Espírito Santo - Brasil
11 de setembro de 2005

Comitê Editorial
Américo Sommermann
Maria F de Mello
Vitória M de Barros

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